Em época de início de preparação para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, olhar para a história da Arena 02, onde está sendo disputado o Campeonato Mundial de ginástica artística e local do mesmo esporte e das finais do basquete nos Jogos de Londres-2012, tira lições sobre como criar um "elefante branco" e o que fazer com ele depois.
Arena de Londres vista de fora: apesar da aparência, não é mais um 'elefante branco'
Concluída em 1999 com o nome de Millennium Dome, no norte da região de Greenwich, a instalação tinha como objetivo abrigar uma grande exposição e outros eventos para celebrar a chegada do terceiro milênio. O custo total de sua construção foi de 789 milhões de libras esterlinas (mais de R$ 2 bilhões), e o governo britânico teve que gastar 204 milhões de libras (cerca de R$ 600 milhes) a mais do que o esperado porque o número de ingressos vendidos para a exposição ficou abaixo do previsto. Após o fim do evento, a demora em encontrar um uso para a arena custava aos cofres do governo um milhão de libras por mês (em torno de R$ 3 milhões) apenas para mantê-lo fechado.
Até que uma companhia de telefonia móvel, em parceria com uma empresa de eventos, remodelou o local por completo a partir de 2005. Quando reabriu em 2007, tinha sido transformado na principal arena de esportes e entretenimento do mundo, onde, antes de morrer, o cantor Michael Jackson tinha programado 50 shows com lotação esgotada para encerrar sua carreira.
Além da arena principal, com capacidade para 23 mil pessoas, há uma casa de shows de menor capacidade (2.400 pessoas), uma boate, 25 bares e restaurantes, 11 salas de cinema e um espaço para exposições.
Ainda assim, o teste informal que o Mundial de ginástica vem sendo para os Jogos Olímpicos de Londres já aponta aspectos que precisam ser aperfeiçoados, a começar por um ponto fraco dos britânicos: a culinária.
- A comida não estava boa, o percurso até o local de treinamento era longo e com muito vento, e os equipamentos das áreas de treino de aquecimento estavam muito duros - apontou Georgette Vidor, coordenadora da ginástica artística feminina do Brasil.
Detalhes que não escapam aos olhos dos mais experientes, mas passam despercebidos para os mais novos, deslumbrados com a grandeza de um Campeonato Mundial na principal arena do planeta.
- Achei tudo maravilhoso - disse a ginasta brasileira Khiuani Dias, de 17 anos.