Expectativa é de 18 mil empregos diretos só no setor de hotéis.
Grupo EBX, de Eike Batista, investirá R$ 150 milhões na Marina da Glória.
A escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 dará novo fôlego à economia carioca e reforçará a vocação da cidade para o turismo e a hotelaria. A aposta é de empresários e representantes do setor, que alertam para a necessidade de a cidade fazer bem o seu dever de casa para que esses benefícios perdurem mesmo após o fim dos Jogos.
“Temos que saber o que fazer com essa candidatura no dia seguinte. E fazer o dever de casa, como Barcelona e Sidney, usando essa mídia espontânea para captar incentivo de atividades turísticas”, afirma o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), Alexandre Sampaio. “A expectativa é que vamos ter só na área de hotelaria a geração de 18 mil empregos diretos e outros tantos na área de gastronomia”.
Segundo Sampaio, serão construídos mais oito mil quartos de hotéis até 2016, além da reforma de empreendimentos já existentes. Nessa expansão hoteleira, uma das áreas beneficiadas será a Zona Portuária, que com a revitalização proposta pela Prefeitura do Rio deverá receber 60 novos restaurantes e pelo menos oito hotéis.
Expectativa é de 15 mil empregos pós Jogos
Para Luciana de Sá, diretora de desenvolvimento econômico da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o negócio de turismo e de construção de hotéis não só vai se tornar mais palatável, como vai aumentar investimentos na construção civil e nas indústrias moveleira e têxtil, que ganharão com o fornecimento de móveis e toalhas para novos empreendimentos.
“Existe um amplo campo de investimentos na área de turismo e hotelaria, que é a vocação do Rio, que vai ser mais bem explorado”, explica Luciana.
“A própria Olimpíada em si vai trazer gente para o Rio, gastando dinheiro na cidade, gerando renda e emprego. A expectativa é de 15 mil vagas permanentes, pós jogos. Haverá um salto de expectativa de emprego, fora os temporários”, completou.
Eike Batista aposta suas fichas na marina
Já o empresário Eike Batista, que fez uma contribuição de R$ 23 milhões ao comitê de candidatura do Rio, fechou na última terça-feira (29) um acordo para a compra da empresa detentora da concessão da Marina da Glória, onde devem acontecer as provas de vela.
O local deverá passar por reforma para os jogos, num projeto que prevê quase R$ 40 milhões de investimento e aumento da capacidade aumentada para 10 mil pessoas, alem da construção de novos atracadouros.
O grupo EBX anunciou que planeja investir R$ 150 milhões na revitalização da marina, em um projeto turístico e de entretenimento integrado com o navio Pink Fleet e o Hotel Gloria, baseados na mesma região e de propriedade de Eike Batista. O hotel, adquirido pelo empresário em outubro de 2008, também será modernizado, num empreendimento da ordem de R$ 200 milhões.
Secretário vê mudança da matriz industrial do estado
Já para o secretário estadual de Fazenda, Joaquim Levy, as Olimpíadas funcionarão como um catalisador dos esforços, iniciados com os Jogos Pan-Americanos de 2007, para deslanchar um novo ciclo de investimentos fundamentais para o desenvolvimento do estado.
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Segundo ele, projetos como os dos portos de Itaguaí, na Região Metropolitana, e Açu, no Norte Fluminense, assim como a construção do Arco Rodoviário, irão aumentar a capacidade de distribuição das empresas localizadas no estado.
“Não faltam oportunidades concretas de investimentos no Rio de Janeiro e temos ainda atrativos substanciais como abundância de capital humano, o que nos faz o destino natural de indústrias intensivas em tecnologia, de alto valor adicionado, e que vão mudar a matriz industrial do Estado em pouco tempo", diz Levy.
Emprego e renda fortalecidos
Segundo um relatório da Fundação Instituto de Administração (FIA), encomendado pelo Ministério dos Esportes, até 2016 podem ser criados, em média, 120 mil empregos por ano. A Região Metropolitana do Rio concentraria 50% dessa demanda, no período de implantação dos investimentos e realização das Olimpíadas. “É um incremento salarial violento. A economia só tem a ganhar”, disse Sérgio Murashima, consultor da FIA.
Se a cidade for escolhida, diz o instituto, os gastos públicos e privados irão provocar efeitos multiplicadores tão amplos e diversificados - em termos de expansão da produção, da massa salarial, da arrecadação de impostos e de emprego – que, diz o texto, “deve ser de interesse da sociedade brasileira dar apoio à concepção e à implementação dessa iniciativa”.
“O mais importante disso tudo é que estaríamos revitalizando áreas do Rio de Janeiro muito importantes para o desenvolvimento econômico. A infraestrutura criada vai alavancar muitos projetos. Nós precisamos de hospitais e escolas, mas o principal elemento indutor disso é a reestruturação da cadeia econômica que, proporcionada por um evento dessa natureza, gera elementos fundamentais para que isso possa ter um resultado positivo”, alegou Sérgio Murashima, consultor da FIA.