Ele costumava chorar em algumas derrotas do Corinthians, onde chegou aos 10 anos. Porém, nenhuma se compara a do dia 2 de dezembro de 2007. Zagueiro e capitão da equipe na época, Betão, aos prantos, escondeu o rosto e saiu correndo de campo. O Alvinegro não perdeu no jogo, mas o empate em 1 a 1 com o Grêmio rebaixou o time para a Série B (assista ao vídeo ao lado). Atualmente, campeão ucraniano e da Supercopa pelo Dínamo de Kiev, o jogador disse ser um ótimo ‘dono de casa’ e revelou que deseja voltar a jogar no Brasil por pelo menos um ano. O motivo? Priscila, sua esposa, está grávida de cinco meses do primeiro filho do casal e os dois fazem questão de que o menino nasça e cresça no país.
No ano do rebaixamento, Betão também encerrou jejum corintiano sobre o São Paulo
Não apenas para os torcedores do Timão, o Campeonato Brasileiro de 2007 sempre será lembrado com muita dor pelos jogadores que formavam o elenco daquele ano. Para o zagueiro, a queda para a segunda divisão representou um dos momentos mais frustrantes de sua vida. O então dono da braçadeira de capitão, Betão tinha uma identificação muito grande com a Fiel.
- Senti muita vergonha. É como se fosse incapaz de salvar o time. Quando se defende times como Corinthians e Flamengo, cada um ali dentro joga por toda massa, pelas famílias dos jogadores... Representamos uma multidão e quando não conseguimos alcançar o objetivo, por mais que tenhamos feito o possível, é muito frustrante. Naquele momento não dá nem para pensar direito, não gosto nem de lembrar. Tudo que passamos ficará dentro de mim para sempre, mas eu e o Corinthians aprendemos muito com o rebaixamento. Eu estou bem aqui e a equipe retornou à elite.
Durante o mesmo campeonato, ainda em 2007, Betão foi responsável por quebrar um tabu significativo para o Corinthians. Havia quatro anos que a equipe alvinegra não vencia os rivaissão-paulinos. A última vitória tinha sido em 22 de março de 2003, no Paulistão, por 3 a 2. E o feito veio bem ao estilo corintiano: aos 41 minutos do segundo tempo (veja o gol no vídeo abaixo), e com o choro do zagueiro, mas, desta vez, de alegria.
- Fiquei sem reação. Eu era o único que vinha sendo questionado porque estava no time em 2003. Era um peso muito grande. Foi importante não só por ser o São Paulo, mas pelo momento em que o time deles estava. Foram campeões em 2006 e seguiam rumo ao título mais uma vez. Fazer aquele gol foi muito marcante e importante na minha vida. Acabei chorando, mas de felicidade. É bem a cara do Corinthians conseguir vencer no fim do jogo.
Da baixada santista para a Ucrânia, e um bebê a caminho pode repatriar Betão
Assim que terminou o Brasileirão de 2007, o contrato do capitão do Parque São Jorge não foi renovado e ele fechou com o Santos para disputar o Campeonato Paulista do ano seguinte. Betão contou que ficou meio inseguro no início por causa da rivalidade entre os clubes, mas saiu aplaudido de pé pela torcida.
- Eu pude sentir que a rivalidade está mais do lado dos santistas. Quando cheguei houve uma desconfiança por parte de algumas pessoas, até picharam o muro do CT. Ainda bem que isso passou logo e consegui mostrar o meu valor. Em meu primeiro e único jogo contra o Corinthians saí de campo aplaudido. Esse foi um dos momentos mais emocionantes com a camisa do Santos.
Desde junho de 2008 no Dínamo de Kiev (UCR), Betão foi campeão ucraniano e da Supercopa e tem contrato até 2013. Mas, um motivo mais do que especial pode fazer com que o jogador retorne antes do previsto. Ele vive com a esposa, Priscila, que está grávida de cinco meses e o casal aguarda a chegada de um menino. Os pais de primeira viagem ainda não decidiram o nome do bebê, mas têm certeza de uma coisa: o nascimento e os primeiros anos de vida serão no Brasil.
- Eu cheguei aqui pensando em ficar bastante tempo. Mas hoje eu já estou conversando com meu empresário e analisando as possibilidades para voltar ao Brasil por um tempo. Minha esposa, Priscila, está grávida do nosso primeiro filho. Estou muito feliz e nós dois vamos retornar para ele nascer no Brasil. Queremos que ele fique grandinho por aí. Por isso, penso em ficar pelo menos um ano, mas ainda não fiz contato com nenhum clube e nem pretendo escolher.
Atuando pelo Dínamo, o zagueiro foi campeão ucraniano e da Supercopa, em 2009
Enquanto não retorna ao Brasil, o futuro papai disse que está treinando para ajudar quando o bebê nascer. Betão contou sobre os desafios que encarou ao chegar na Ucrânia e garantiu que ele auxilia a esposa e manda muito bem nas tarefas domésticas.
- Aqui as coisas são diferentes desde o futebol até os costumes. Quando cheguei, já fui escalado como titular. Tive que acostumar com o estilo deles na prática. Já na parte das comidas não teve jeito. Eles fazem massa, arroz, mas a carne é outra coisa. A gente sempre manda trazer algumas coisas do Brasil. Minha esposa cozinha muito bem e eu participo bastante dos serviços de casa. Somos só nós dois então eu tenho que ajudar. Eu lavo roupa, passo, limpo a casa... Fazemos juntos. Sou ótimo dono de casa – brincou Betão.