Se depender da fé, o dérbi deste domingo, às 16, em Presidente Prudente, está fadado ao 0 a 0. Afinal, as metas Palmeiras e Corinthians serão defendidas pelos milagreiros Marcos e Felipe. “Canonizado” em 1999, após levar o Alviverde ao título da Libertadores, Marcos é católico. Reza ao telefone com a mãe antes de todos os jogos. E, a cada pênalti defendido, ergue os braços para agradecer a Deus.
Também católico, Felipe diz ser protegido por São Filipe Néri. Ele sempre leva a imagem ao estádio e se despede dela no vestiário. Em campo, põe um terço dentro do gol.
Eles aceitaram o pedido do DIÁRIO e trocaram perguntas. Confira!
Os goleiros Felipe e Marcos exibem orgulhosos as imagens de seus santos protetores
Felipe - ‘Quero a Europa, mas não é uma obsessão’
MARCOS — Você sempre usa um terço. Quando começou a levar essa fé para os jogos?
FELIPE — Foi em 2002, na base do Vitória. Um zagueiro chamado Ilton rompeu os ligamentos do joelho e resolveu me dar o terço, falando que eu precisaria mais do que ele. Desde então, nunca mais fui para o campo sem terço. Aquele que ele me deu já até quebrou, mas ganhei outro, que me acompanha em todas as partidas.
MARCOS — Considero o título da Série B um dos mais importantes da minha carreira. O que representou para você?
FELIPE — Pô, para mim também foi. Ainda mais porque eu havia sido rebaixado três vezes (duas pelo Vitória e uma pelo Timão). O acesso já seria vital, e foi melhor ainda com o título.
MARCOS —Você tem vontade de jogar na Europa?
FELIPE — Vontade eu tenho, mas sem obsessão. Se for para acontecer, ótimo. Se não, ficarei para o ano do centenário, que tem tudo para ser histórico.
MARCOS — Já levou muito gol do Ronaldo no rachão?
FELIPE — Só não levei porque não fico no gol no rachão (risos). Mas o cara é fora de série. Ele vai meio displicente para a bola e o goleiro não dá nada. Aí, sai cada chute perfeito...
MARCOS — Tem algo na carreira que você fez e voltaria atrás?
FELIPE — Tem sim. Em 2005, eu não deveria ter entrado no último jogo do Brasileirão, em que o Vitória tinha de vencer para não cair. O René Simões tinha me afastado de sete jogos e aí, no último, me colocou para jogar. Eu acabei marcado pelo rebaixamento do time.
Marcos - ‘Nunca tive vontade de sair do Palmeiras’
Felipe — Qual a melhor defesa que você já fez?
Marcos — Todas as defesas são importantes. De uma forma ou de outra, elas têm um significado especial, porque me proporcionaram alguns momentos incríveis e até títulos. Se for para citar, incluo as da Taça Libertadores de 1999 e do Campeonato Paulista de 2008, quando fomos campeões.
Felipe — Qual a bola mais difícil para se defender: a cruzada ou a que quica na frente da área?
Marcos — Acho que aquela que quica na frente da área. Às vezes, a gente já tem a visão encoberta e isso atrapalha. A bola também é muito rápida, e quando acontece de ela quicar, fica mais difícil de fazer a defesa.
Felipe — Você tem fama de artilheiro nos rachões. Como você foi virar goleiro?
Marcos — Sou artilheiro em rachão porque não existe impedimento (risos). E já posso dizer que estou chegando perto do gol 1.000! Na verdade, nunca levei jeito para jogar na linha. E como eu era palmeirense e tinha o Velloso como ídolo, acabei indo para o gol.
Felipe — Nunca pensou em sair do Palmeiras?
Marcos — Já tive inúmeras propostas, inclusive do Arsenal. Naquele ano, em 2003, não saí porque precisava ficar para disputar a Série B. Sempre tive tudo o que eu quis no Palmeiras, como estrutura e felicidade para trabalhar. Nunca tive vontade de sair por conta desses fatores.
Felipe — Qual o atacante que você mais temeu?
Marcos — Já peguei muitos atacantes difíceis, mas o Romário foi o principal. A frieza dele para marcar era impressionante.