Segundo subsecretário, medições são feitas de meia em meia hora.
Trânsito na área da Lapa terá reflexos até manhã de sexta (11).
O subsecretário municipal de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou que não há risco de desabamento do prédio interditado na Rua dos Inválidos, na Lapa, no Centro do Rio, e que teria “escorregado” cinco centímetros durante a madrugada desta quinta-feira (10).
Segundo ele explicou, o conjunto de sete prédios foi interditado depois que um deles "escorregou". A construção foi escorada por funcionários da prefeitura. Os imóveis ficarão interditados até a manhã desta sexta (11).
“De meia em meia hora, estamos fazendo as medições”, garantiu Simões.
Segundo ele, a obra que está sendo feita pela construtora WTorres, que vai erguer um grande complexo comercial de quatro prédios na esquina da Rua do Senado com a Rua dos Inválidos, pode ter sido a causa do problema.
“É possível que a obra seja a causa dessa acomodação do solo”, disse o subsecretário, acrescentando que o único prédio que apresentou rachaduras foi o de número 22, da Rua dos Inválidos. Os demais imóveis estariam normais.
Simões afirmou que a construtora, ao lado da Defesa Civil, já faz o monitoramento dos prédios nas imediações das. Porém, segundo ele, o prédio interditado estava fora do perímetro de controle. A partir de agora o subsecretário garantiu que vai ampliar esse monitoramento.
“A obra está cumprindo todas as ordens de engenharia, então não vai ser embargada”.
O subsecretário disse também disse que o trânsito na Rua dos Inválidos, que provoca retenções em alguns trechos do Centro, ficará interditado até a manhã desta sexta-feira (11) para que sejam feitas as medições nas estruturas dos imóveis interditados.
O trabalho da Defesa Civil vai continuar durante todo o dia.
Moradores estão revoltados
Apesar da ação da prefeitura, o clima é de tensão e revolta na Rua dos Inválidos onde os sete imóveis foram interditados pela Defesa Civil. Os moradores vão aos poucos buscar seus pertences e seguem para a casa de parentes e amigos.
Além de três edifícios - sendo dois residenciais e um comercial - três sobrados, que estavam desocupados e a Igreja de Santo Antônio dos Pobres também foram interditados.
Seu Adelino teve que deixar prédio interditado no meio da madrugada (Foto: Carolina Lauriano/G1)
Adelino Soares Fernandes, de 81 anos, está desde as quatro horas da manhã no local.
"Eu não tenho para onde ir. Sou diabético e os remédios ficaram todos lá dentro", disse ele, que mora com uma acompanhante. Ela já foi autorizada pela Defesa Civil a subir no prédio e pegar alguns objetos.
A funcionária pública Rita de Cássia dos Santos contou que o sentimento foi de horror quando os bombeiros a acordaram pedindo para deixar o prédio. Ela mora com a filha e mais 12 gatos. A mãe dela também reside no imóvel.
Moradora saiu correndo do prédio com a filha e 12 gatos (Foto: Carolina Lauriano/G1)
"Tive que pensar em tudo em segundos. Levamos os gatos para a casa do ex-namorado da minha filha. Agora, vou ver o que fazer, se o prédio vem abaixo, estou me sentindo desamparada", disse ela.
Comerciante tem prejuízo
O comerciante Willian Reis, que desde 1985 tem um loja de móveis na rua, ainda não contabilizou o tamanho do prejuízo.
"Eu estaria sendo leviano se estimasse um valor, mas deixei de fazer entregas, de receber e fazer pagamentos, de atender ao telefone e de fazer vendas, porque as portas estão fechadas".
Segundo ele, essa é a primeira vez que a rua é interditada por causa de problemas na estrutura de prédios. "Aqui sempre fecha por causa de enchente, mas é a primeira vez que vejo fechar por causa de obra". Ele conta que não ouviu nenhum estalo na loja, que fica ao lado do primeiro prédio interditado.
Segundo o subsecretário de Defesa Civil, cerca de 190 pessoas deixaram 91 unidades residenciais. Algumas pessoas foram levadas para uma triagem na subprefeitura do Centro, e de lá, muitos seguiram para casas de familiares.
O conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) Antônio Eulálio Pedrosa Araújo e uma equipe da Defesa Civil fazem uma vistoria numa obra próximo ao local, que segundo Antônio, pode ter abalado a estrutura dos imóveis interditados.
"Tudo está indicando que a obra seja a causa do problema. O motivo é o rebaixamento do solo. Eles estão escavando o solo para fazer um estacionamento e, a escavação já tem 20 metros. Por isso, a fuga do material do solo no entorno é o que provocou o rebaixamento", explicou ele.