Homem foi detido na Zona Leste de SP na noite de quarta.
No total, 12 pessoas foram presas; seis ainda estão foragidas.
Do G1, em São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo prendeu na noite de quarta-feira (9) mais um homem suspeito de fazer parte de uma quadrilha internacional que levava brasileiros para trabalhar irregularmente nos Estados Unidos. A prisão faz parte da Operação Anarquia, iniciada na segunda-feira (7). Na data, 11 pessoas foram presas. Seis continuam foragidas.
No total, foram expedidos 18 mandados de prisão. O homem preso na quarta é cidadão norte-americano, e estava em casa, na Zona Leste da capital paulista, quando foi encontrado.
A operação é feita em conjunto com autoridades brasileiras e dos EUA. Estima-se que 4.500 moradores do Brasil foram vítimas do esquema fraudulento, que prometia colocação no mercado de trabalho americano mediante pagamento de um contrato de até US$ 15 mil.
Segundo a promotora de Justiça Aline Zurca Zavaglia, os agenciadores suspeitos de vender contratos ilegais de trabalho encontraram uma brecha na legislação americana para aumentar o número de vagas de trabalhadores brasileiros temporários e assim ficar com parte do dinheiro pago por esses contratos.
Esquema
De acordo com a promotora, o Congresso norte-americano prevê que existam vagas para trabalho temporário a estrangeiros. No entanto, os agenciadores aumentavam esse número de postos para ficar com o dinheiro dos candidatos excedentes. Eles se aproveitavam de uma fiscalização falha (a checagem de vagas oferecidas nos EUA não teria sido feita adequadamente).
“A expectativa do trabalhador era de ganhar US$ 15 por hora em um contrato de seis a nove meses. Só que, quando tinham um trabalho, ganhavam US$ 6. Era menos da metade”, explicou Aline, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual de Guarulhos.
Segundo ela, os agenciadores usaram diversos nomes para burlar a investigação. “No Brasil, seriam umas 20 ou 30 empresas e nos Estados Unidos, umas 40 ou 50."
A promotora procurou eximir as empresas contratantes – geralmente hotéis na Disney – e funcionários do consulado americano em São Paulo de qualquer culpa no caso. “Não temos a informação de envolvimento nenhum funcionário do consulado daqui”, afirmou Aline.
Como o setor anti-fraude da representação americana no Brasil começou a desconfiar, resolveram fazer a denúncia ao MP em 2008 – as suspeitas surgiram em 2002.
“Há anos notamos esse tipo de fraude. No começo os números (de pedidos de vistos para contratos temporários de trabalho nos EUA) era menores, mas, em 2008, ficaram mais sérios”, admitiu Aaron Codispoti, diretor de Segurança Regional do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
De acordo com a promotora, parte das vítimas não viajou, mesmo tendo pago pelo suposto contrato de trabalho. “A imensa maioria das vítimas é gente de boa-fé que foi enganada. Teve gente que conseguiu o visto, arrumou o emprego, mas alguns ficaram no subemprego”. E ela alertou para o fato de que as pessoas prejudicadas, que acabaram entrando no país norte-americano pela promessa do serviço, estão em situação ilegal, o que dificultou a denúncia do esquema.
Para garantir o pagamento dos contratos temporários, os agenciadores confiscavam os passaportes dos candidatos. “O passaporte era devolvido às vésperas da viagem, depois que o contrato fosse pago”, contou Aline.
Brasileiros que foram vítimas do esquema podem entrar em contato com o Gaeco de Guarulhos, na Grande São Paulo, pelo e-mail gaeco.guarulhos@mp.sp.gov.br.